Em um momento em que as taxas de desemprego no Brasil estão em ascensão e o desempenho desfavorável das vendas tem impedido novas contratações, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mapeou os segmentos em que as ofertas de vagas ainda apresentam taxas de crescimento significativas. O estudo aponta também os perfis das empresas que mais empregam e dos profissionais mais procurados, além de traçar um ranking com a remuneração média em cada um dos ramos.
Segundo a pesquisa, as oportunidades existem e se concentram nos segmentos que são menos dependentes das condições de crédito ao consumidor e caracterizados pela comercialização de bens de consumo de primeira necessidade. O ranking dos ramos que mais geraram vagas no período analisado de um ano até maio ficou assim: hiper e supermercados (69.910); farmácias, perfumarias e cosméticos (18.099); artigos de uso pessoal e doméstico (8.211); e combustíveis e lubrificantes (9.210).
“O comércio brasileiro passa pelo seu pior momento em mais de uma década. O volume de vendas nos primeiros quatro meses deste ano registrou retração de 6,1% – o resultado mais desfavorável desde 2004. Apesar disso, essas áreas do comércio têm se destacado por contratações acima da média”, explica o economista da CNC Fabio Bentes.
Os responsáveis por 98,4% dos postos de trabalho nos quatro segmentos são micros e pequenos estabelecimentos comerciais. No caso específico de farmácias e perfumarias, 99,6% das ocupações formais estão em empresas com até 49 empregados. A região Sudeste concentra, em média, 47% dessas empresas.
Perfil dos trabalhadores contratados
Do ponto de vista de gênero, a distribuição dos trabalhadores contratados é homogênea nos ramos de hiper e supermercados (50% do sexo masculino e 50% do feminino) e de artigos de uso pessoal e doméstico (50,5% homens e 49,5% mulheres). Já o segmento de combustíveis e lubrificantes registra predominância masculina (75,9%), ao passo que farmácias e perfumarias empregam mais mulheres (65,1%).
No que diz respeito à faixa etária, há uma predominância de trabalhadores mais jovens nas áreas de hiper e supermercados e de artigos de uso pessoal e doméstico (em torno de 28% têm entre 18 e 24 anos). Os experientes, com idade entre 30 e 39 anos, são mais aproveitados nos segmentos de farmácias e perfumarias e combustíveis e lubrificantes – 29,2% e 30% respectivamente.
A região Sudeste responde por mais da metade da força de trabalho em todos os ramos, exceto combustíveis e lubrificantes, em que acima de 60% dos empregados estão em outras partes do País. O grau de instrução dos trabalhadores mais demandados é o nível médio completo. A maior presença de funcionários com nível superior completo é no ramo de farmácias, perfumarias e cosméticos.
Isso justifica o fato de os melhores salários também estarem concentrados no segmento farmacêutico. A remuneração média dos profissionais desse ramo é 3,5% superior à de lojas de artigos de uso pessoal e doméstico – 7,2% acima daquela do segmento de combustíveis e lubrificantes e 22,5% a mais que a remuneração paga aos funcionários de hiper e supermercados.
Menos vagas
Na contramão da geração de empregos, a pesquisa pondera que o aperto nas condições de crédito e a falta de confiança dos consumidores estão impulsionando as demissões nos segmentos de bens duráveis. Os ramos de automóveis e autopeças registraram a maior perda no número de empregados no mesmo período pesquisado de um ano – 19.888 –, seguido de móveis e eletrodomésticos – 12.184. Em terceiro lugar estão os segmentos de vestuário e acessórios, com 9.407 postos de trabalho a menos.
Todas as informações da pesquisa têm como fontes dados oficiais do Ministério do Trabalho e Emprego – Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fonte Site – CNC _ http://migre.me/qvN8J